A entrevista com Clara Vaz, Presidente da Associação de Estudantes no ano letivo 2022/2023.
Entrevistador: Leonardo Mendo
Revisora: Catarina Ribeiro
Data: 09/10/2023
A convite d'O Rouxinol, recebemos uma pessoa que, indubitavelmente, marcou o ano letivo 2022/2023. Não só pelo importante cargo que desempenhou, mas, sobretudo, pelos projetos e eventos que dinamizou na EBS Carolina Michaëlis. Hoje temos o privilégio de entrevistar Clara Vaz, Presidente da Associação de Estudantes no ano letivo 2022/2023.
A Clara foi aluna da nossa escola desde o seu 3.º ano de escolaridade, no ano letivo 2013/2014 - e do nosso agrupamento desde o 1.° ano, no ano letivo 2011/2012. Durante o seu percurso escolar, envolveu-se em alguns projetos, nomeadamente o programa Erasmus. Pratica Taekwondo desde os 12 anos e no ano passado deixou a escola, após concluir o seu 12.° ano escolar.
Comecemos pela época antes das eleições: o que te levou a criar a Lista J? E porquê a escolha desta letra e do lema "Juntos"?
Desde pequena que acompanho as listas cá na escola. Toda a animação que envolvia as campanhas fascinava-me e fazia-me querer participar, um dia. Ver gente de 18 anos, muito mais velha que eu, na altura, a pôr música e divertir-se era fantástico.
O lema Juntos surgiu após a pandemia. Voltar à normalidade, às interações uns com os outros. Precisávamos disso. Concorremos à primeira eleição que contou com campanha presencial e idêntica aos anos anteriores ao surto. No fundo, pudemos aproveitar o regresso a um ano "normal".
É fácil criar uma lista?
Não é nada fácil, mas é, sem dúvida, muito entusiasmante. Desperta a nossa ambição e somos dominados pelo pensamento de eu quero fazer.
A AE é fundamental na representação dos alunos. Como é que este órgão os deve auxiliar na vida escolar? Em que situações é que o estudante se deve dirigir a vocês?
Enquanto AE, devemos representar os interesses dos alunos. O nosso papel é mostrar que somos alunos como os outros, mas com o poder de facilitar o contacto com a Direção. Devemos estar sempre disponíveis a ajudar o estudante, seja individual ou coletivamente. Um aluno pode vir ter connosco em várias situações, como episódios de bullying, por exemplo. Mediante cada caso, podemos acompanhá-lo ou orientá-lo junto de outras pessoas competentes.
Relativamente a este ano letivo que passou, és capaz de revelar as maiores dificuldades pelas quais a Associação de Estudantes passou e, por outro lado, os vossos pontos fortes durante este percurso?
O mais difícil foi conciliar as aulas e a AE. Internamente, saber comunicar e, por vezes, repreender colegas da Associação também foi um desafio. É importante que a AE seja encarada como uma responsabilidade. Quando isso não acontecia, era preciso ter a capacidade de confrontar e corrigir certos comportamentos.
Complementarmente, o trabalho da AE pode não ter grande retorno, sobretudo no que toca à faculdade. As notas são o que importa para ingressar num curso superior, não o contexto do aluno no seu percurso escolar. Com todos os compromissos acrescidos pela Associação de Estudantes, podem até verificar-se descidas nas notas.
Por outro lado, é extremamente gratificante obter os resultados de dinâmicas bem sucedidas: seja o reconhecimento tanto dos alunos quanto da Direção, a diversão que possibilitamos aos alunos ou simplesmente o sentimento de dever cumprido ao fazer algo pela escola. O facto de sermos muito unidos e amigos de longa data facilitou tudo. O contexto nunca foi muito formal, éramos um grupo de amigos que conseguiu «fazer coisas», um trabalho sempre muito risonho e, por isso, motivador.
Consegues sumariar o que fizeram pela comunidade escolar no ano passado?
O que mais gostei de organizar foi o Desfile de Carnaval. Também foi excelente termos conseguido unir esforços para o Baile de Finalistas do 9.° ano. Além disso, são de destacar eventos muito bem sucedidos como o inter-turmas e a entrega das cartas no dia dos namorados - as reações que presenciámos por parte dos alunos nesses dias foram um retorno magnífico - sem desvalorizar a relação positiva com as pessoas da comunidade durante o ano, que foi fundamental.
Sentiram-se apoiados no exercício das vossas funções? O contacto com a direção da escola foi-vos facilitado?
Posso garantir que a Direção sempre nos ouviu e não nos deixou de ajudar sempre que achou que se justificava.
O que achas que mudou ou gostavas que mudasse no Agrupamento?
Tivemos o privilégio de acompanhar a professora Isabel no seu terceiro ano letivo como diretora do Agrupamento. Gosto muito dela. Só tenho a dizer que o Agrupamento está num período de transição e continua a mudar para melhor.
Globalmente, como caracterizarias o ambiente escolar durante o ano passado? Terá a AE influenciado de alguma forma esse ambiente?
Falo da minha experiência, o meu contexto foi de finalista do 12.° ano. Foi um ano emocional e agitado. Um ano muito diferente de todos os outros, «uma coisa estranha». Acredito que a AE tenha estado muito ativa neste meio.
Pertencer à AE exige muita responsabilidade, especialmente nos cargos de chefia. Enquanto Presidente da Direção, como foi conciliar a vida académica e pessoal com este papel que desempenhaste?
Concordo, pertencer à AE exige muita responsabilidade, principalmente como Presidente da Direção. Conciliar as minhas atividades curriculares e extracurriculares com esta cargo foi difícil. Para tal contribuiu, também, este meu ano ter sido de competição desportiva. A verdade é que, se a Presidente não fizer o órgão a que preside «andar para a frente», fica tudo parado e nada se faz. Cheguei a sentir-me culpada, em certos momentos, por me distrair com outras atividades ao invés de trabalhar para a Associação de Estudantes.
Como imaginas o futuro desta escola que te acolheu durante tantos anos? Quão importante será o contributo dos alunos para a comunidade escolar, nomeadamente nas próximas eleições para a Associação de Estudantes?
A nossa escola tem de tudo, é muito diversa, o que a torna especial e até um bocado imprevisível. Isto faz com que tenhamos pessoas que vêm de todo o lado, até de Paredes - falo por proximidade, uma amiga minha. O futuro só pode ser bom. A AE é muito valorizada, há a noção de que uma escola só existe com os alunos pois, na realidade, os professores e os auxiliares só têm trabalho «porque os alunos estão lá». Os alunos são a chave para o bom funcionamento da escola.
Conta-nos sobre os teus planos para este futuro próximo: concorreste para algum curso do Ensino Superior? Pretendes entrar já no mercado de trabalho?
Recentemente fui admitida na FLUP (Faculdade de Línguas da Universidade do Porto) no curso de Línguas, Literaturas e Culturas. Não foi a primeira opção, queria Ciências da Comunicação ou Línguas e Relações Internacionais. Pretendo completar este 1.° ano mas, posteriormente, pedirei transferência para um dos cursos que referi. Outro plano seria entrar numa faculdade fora do país.
Para terminar, lanço-te o desafio de enviar uma mensagem a toda a comunidade escolar do Agrupamento de Escolas Carolina Michaëlis.
Queria só agradecer a todos por terem confiado não só em mim, como na nossa AE durante o ano passado.
Mais do que isso, queria agradecer pelos últimos 10 anos que passei na escola; Embora uma nova etapa tenha começado para mim, esta «casa» é com certeza uma que nunca vou esquecer.
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