Um artigo de opinião sobre as Presidenciais 2021.
Escrita: Rui de Moura Pinheiro
Revisão e Estrutura: Leonardo Mendo
Data: 26/01/2021
Sendo este artigo uma obra de comentário/opinião política sobre um evento tão importante como as Eleições Presidenciais de 2021, que consegue ser em simultâneo predominantemente pouco apelativo aos alunos do Ensino Básico e mesmo do Secundário, o teu jornal pretende dar palco aos alunos da nossa escola e incentivá-los a serem ativos na comunidade que os envolve, sobretudo promovendo a formulação de opinião e o pensamento crítico.
Assim, deve ficar claro que o artigo que poderão ler em seguida é de inteira responsabilidade do autor e o mesmo consente que assim o seja. Não deverão ser tiradas quaisquer conclusões quanto a possíveis posicionamentos do jornal neste assunto, visto que o nosso objetivo é produzir conteúdos de e para a comunidade escolar.
Rui de Moura Pinheiro tem 16 anos e frequenta o 11° ano na Escola Básica e Secundária Carolina Michaëlis. Ficou mais conhecido no meio escolar durante as eleições para o Representante dos Alunos no Conselho Geral, ao qual concorreu pela Lista A e obteve 42% dos votos. Reconhece em si próprio a capacidade de poder opinar no meio político por isso tentará, segundo o próprio, fazer o seu melhor para este texto de opinião ficar «bem sucinto».
Neste texto de opinião irei refletir o resultado de cada candidato à Presidência da República, de uma maneira simples, concreta e de fácil compreensão, com base nos meus conhecimentos e nos debates que assisti, mas antes de tudo irei fazer uma breve apresentação sobre a minha pessoa devido ao facto de esta ser a primeira vez que faço um texto deste tipo e que o divulgo para a comunidade em geral.
No dia 24 de janeiro de 2021, sete pessoas propuseram-se ao cargo mais alto da nossa nação, possibilitando a formulação de uma opinião sobre cada um deles:
Marcelo Rebelo de Sousa - “O candidato dos afetos à distância”
Marcelo, como já previsto, venceu na primeira volta com 60.70% dos votos, mostrando ser um fortíssimo candidato sem muitas vezes ir a jogo, visto que abdicou do seu de tempo de antena e da campanha propriamente dita. Marcelo durante os debates surpreendentemente tremeu, mostrando insegurança principalmente contra os candidatos que poderiam retirar votos à mesma base eleitoral (André Ventura e Mayan Gonçalves). O Candidato teve apoio formal dos partidos PPD/PSD e CDS-PP, mas indiretamente teve apoio do PS devido ao facto de António Costa referir indiretamente o seu apoio à recandidatura.
Ana Gomes - “A candidata anti Ventura”
A socialista Ana Gomes apoiada pelo PAN e pelo LIVRE foi a candidatura mãe dos socialistas (apesar de não ter apoio do PS) que não se viam representados nas outras duas candidaturas de esquerda, nem em Marcelo Rebelo de Sousa, sendo vitoriosa única e exclusivamente porque derrotou Ventura na disputa do segundo lugar, mas em comparação com o resultado de Sampaio da Nóvoa em 2016, a diplomata ficou um bocado a baixo. A sua campanha focou-se nos debates, tendo tido uma prestação razoável, mas com um teor por vezes agressivo, Ana Gomes fraquejava quando debatia fora de casa, ou seja, com as candidaturas de direita. Durante o período de campanha ela passou por diversas polémicas conseguindo sair muitas vezes delas com mais força e popularidade. Ana Gomes obteve 12,97% dos votos sendo a mulher mais votada de sempre ultrapassando a candidatura de Marisa Matias em 2016.
André Ventura - “O candidato antissistema”
O patriota André Ventura, como é chamado pelos militantes do partido CHEGA! que o apoia, tem uma forma de agir muito parecida com o candidato Jair Bolsonaro nas eleições do Brasil, mostrando ser um candidato patriota e nacionalista com aspirações liberais na economia. Durante os debates tentou “picar” os outros candidatos, tendo grande sucesso na maioria das vezes. A sua campanha tentou (e penso que em certa parte conseguiu) difundir as ideias do CHEGA! através de cartazes apelativos, uma rede social fortíssima, um discurso inflamado e uma forma de agir já pensada para os candidatos caírem em erro. Durante o período de campanha ele passou por diversas polémicas, conseguindo sair muitas vezes delas com mais força e popularidade, exceto numa em concreto: a do batom vermelho, o principal erro da sua campanha, na minha opinião. Ventura é muitas vezes associado ao fascismo, sendo que, a meu ver, ele não é um fascista, já que o fascismo não tolera políticas económicas de livre mercado, o que não se sobrepõe ao facto de Ventura ser muitas vezes um extremista e principalmente nas causas sociais, exagerando em pontos que não precisavam de tanto exagero. Ventura obteve 11,90% dos votos sendo claro vencedor do segundo lugar em 11 distritos mostrando que o partido CHEGA! veio para ficar.
João Ferreira - “A esperança comunista”
O comunista João Ferreira, apoiado pelo PCP e pelo PEV, teve uma prestação muito abaixo do objetivo, ficando mais abaixo da prestação de Edgar Silva nas eleições de 2016. Durante os debates, o candidato na grande maioria das vezes era calmo e assertivo, exceto no debate contra André Ventura que acabou por se tornar o debate mais caótico, mas ao mesmo tempo o mais empolgante. A sua campanha tentou (e penso que não conseguiu) difundir a ideia de que o PCP é um partido moderado, tendo a sua campanha um foco especial na função pública pois diversas pessoas conhecidas desse meio apelaram ao seu voto, Mário Nogueira da FENPROF, por exemplo, tendo sido uma campanha deficitária nas redes sociais. João Ferreira obteve 4.32% dos votos sendo claro que o PC perdeu terreno em zonas maioritariamente comunistas como Beja, onde André Ventura ficou com o segundo lugar.
Marisa Matias - “A candidata da esquerda universitária”
A bloquista Marisa, candidata apoiada pelo BE e pelo MAS, teve uma prestação pífia em comparação com as eleições presidenciais de 2016. Durante os debates, mostrou ser uma candidata com diversas posturas. Contra Marcelo e outros candidatos de esquerda, mostrou ser uma candidata serena e calma, já contra André Ventura e Tiago Mayan mostrou ser uma candidata lacradora e muitas vezes apelando a argumentos ad hominem para tentar vencer o debate. A sua campanha tentou (e penso que em certa parte conseguiu) difundir as ideias bloquistas através de uma rede social fortíssima e de uma militância jovem e fervorosa, faltando na sua campanha mostrar o seu contraponto às outras candidaturas de esquerda. O ponto alto da sua intervenção foi a polémica do batom vermelho, conseguindo apanhar alguns votos não ideológicos, mas sim votos de pena. Marisa obteve 3.95% dos votos mostrando que o Bloco de Esquerda, se não for mais claro na sua postura, poderá perder muitos votos.
Tiago Mayan Gonçalves - “Liberal dos pés à cabeça”
O liberal Mayan, candidato apoiado pela IL, teve uma prestação razoável nestas eleições, apesar que, durante os debates, mostrava insegurança e pouca experiência na vida pública, conseguindo debate a debate superar alguns dos seus entraves. Durante a sua campanha tentou (e penso que em certa parte conseguiu) difundir as ideias liberais, através de cartazes apelativos e uma rede social fortíssima, mas faltou muito trabalho de campo a Mayan, visto que teve aquém do esperado nos distritos que não têm grandes cidades, mostrando ser um candidato citadino e com dificuldades em chegar ao publico mais rural. Mayan obteve 3.22% dos votos, mostrando que a onda liberal veio para ficar e que o partido Iniciativa Liberal tem muito a aprender, mas está no caminho do sucesso para poder disputar e decidir eleições.
Vitorino Silva - “O candidato do povo”
Apesar de Vitorino Silva, candidato apoiado pelo R.I.R, não ter conseguido atingir o seu maior objetivo de ter mais um voto do que as eleições presidenciais de 2016, obteve um resultado razoável apesar de ter ficado em último, conseguindo atrair uma parte do país mesmo sabendo que uma grande parte dos votos dele foram de protesto. Tino, como é carinhosamente chamado, obteve 2.94% dos votos, mas no distrito do Porto conseguiu um glorioso 4º lugar, ficando à frente dos candidatos Tiago Mayan, Marisa Matias e João Ferreira, talvez devido ao facto de ele ser de Rans que pertence a Penafiel que se localiza no Distrito do Porto.
Gostava de referir que estes resultados são provisórios devido ao facto de ainda existirem três consulados por contar, mas não muda quase nada acrescentando muito pouco a cada um.
Estas eleições foram empolgantes de assistir. Apesar da maioria já saber quem ganharia, mostraram que o nosso país está a mudar. Agora, para o bem ou para mal, cada um reflete sobre isso. Como jeito de finalização do texto de opinião, gostava de pedir a cada pessoa que nas próximas eleições dedicassem um pouco mais do vosso tempo a refletir propostas e não a criticarem sem terem lido e questionado.
Obrigado!
Fontes (Imagens):
Wikipédia - Marcelo Rebelo de Sousa