Divulgação do texto vencedor de uma das edições passadas do Concurso Literário "Um Conto de Natal".

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Estrutura: Catarina Ribeiro

Data: 28/11/2020


Prometido é devido. Como tal, divulgaremos o texto vencedor de uma das edições passadas do concurso que está a decorrer e em que todos podem participar. Não te esqueças, este concurso permite-te desenvolver os teus hábitos de escrita, melhorar o teu vocabulário e a tua imaginação.

Em seguida, poderás ler o texto de uma ex-aluna da nossa escola que conseguiu o primeiro lugar dentro da sua categoria em 2014/2015. Inspira-te!


Um Mundo Onde o Amor e Carinho São Meios de Pagamento

Tinha começado há pouco tempo a época de Natal. Era, mais precisamente, dia cinco de dezembro e eu, o meu tio e a minha prima, resolvemos montar a árvore e o presépio com todas as suas figurinhas, mas faltava algo para que tudo parecesse mais real e menos forçado: o musgo. O musgo era o elemento verde que faltava ao deslavado chão castanho da casa do meu tio.

Fomos apanhar as tais plantinhas representantes do grupo das briófitas ao Monte Crasto, em S. Cosme, Gondomar. Quando lá chegamos, pude respirar o ar puro que a vegetação oferecia e deparei-me com um imenso espaço verde. Era possível ver várias casas muito longe. À medida que íamos avançando na nossa pesquisa pelo musgo, deixamos de conseguir ver as casas e começamos a avistar o que parecia ser um pavilhão abandonado no meio do Monte. Tive curiosidade de saber o que lá havia, mas, quando pedi ao meu tio para ir ver, ele não deixou e , a partir desse momento, não mais tirou os olhos de mim.

A minha teimosia falou mais alto do que as palavras de quem me acompanhava e aproveitei uma pequena distração do meu tio e da minha prima para dar uma corrida até ao pavilhão que me tinha cativado.

A minha teimosia falou mais alto do que as palavras de quem me acompanhava e aproveitei uma pequena distração do meu tio e da minha prima para dar uma corrida até ao pavilhão que me tinha cativado.

Na entrada existia uma grande placa que dizia “O Mundo Que Ninguém Conhece” e, realmente, eu pouco conhecia do meu mundo, mas daquele que conseguia ver ainda conhecia menos. A primeira coisa em que reparei foi numa árvore de Natal que chegava ao teto, muito iluminada e bem enfeitada. A seguir, vi as pessoas que lá estavam: eram muito baixinhas e andavam todas vestidas de vermelho, tinham um chapéu com uma bolinha peluda na ponta e os sapatos eram pontiagudos. Inicialmente, achei que eram duendes e que andavam a ajudar o Pai Natal, mas depois de apreciar melhor o que faziam percebi que andavam a arrumar objetos em prateleiras. Como não entendi bem o que faziam, resolvi perguntar:

- Olá! Desculpe, será que me pode ajudar a perceber o que está a acontecer neste sítio e o que está a fazer?

- Olá, nós somos Mini Pais Natais e estamos a realizar desejos de quem escreveu ao nosso amigo e patrão, o senhor Pai Natal. O desejo do dono deste armazém que monta e vende maquinaria, para além de trabalhar o ouro que é das, se não a principal atividade desta freguesia, era que fizéssemos algumas remodelações e que melhorássemos o espaço onde os seus colaboradores exercem a sua atividade.

- Mas este ramo não devia ser dos mais bem pagos? Desculpe lá a minha ignorância…

- Sim, quer dizer, talvez no seu mundo seja um setor bem pago e onde não são necessárias ajudas deste tipo – afirmou, sorrindo, aquele pequeno Pai Natal – , mas aqui, no mundo das miniaturas, é um dos setores que menos ganha e prova disso é que todos os funcionários desta pequena empresa, que constituem uma família muito numerosa, estão a dormir numa sala aqui ao lado que foi adaptada com algumas camas e colchões para assegurar que podiam, pelo menos, descansar. Outra coisa que não deve saber é que, apesar de as pessoas não darem muita importância ao trabalho deles, aqui se fazem autênticas relíquias que custam muitos abraços e beijos.

- Será que posso ver algumas dessas peças tão maravilhosas? – perguntei eu, curiosa.

- Isto que vou fazer não é permitido, mas venha comigo, eu mostro-lhe.

Abriu uma porta que dava para outra grande sala e lá tudo reluzia.

- Por exemplo, este coração aqui vale dois mil e quinhentos abraços e três mil beijos.

- Nunca imaginei que fossem assim tantos abraços e beijos. A quem é que as pessoas pagam?

- Os pagamentos são distribuídos pelos funcionários: é contabilizado o que a pessoa tem de pagar e divide-se pelo número de funcionários que fizeram a peça.

- Muito obrigada por me ajudar a perceber um bocadinho do que se passa neste sítio que encontrei por acaso. Fico-lhe muito agradecida, mas agora tenho de voltar para casa. Prometo que farei publicidade a este espaço e que cá voltarei com os meus pais, para comprar algumas peças.

- Tenho muita pena em dizer-lhe isto, mas tudo não vai passar de um sonho próprio desta época. Quando acordar, vai perguntar-se como é possível tudo ter parecido tão real.

Na verdade, depois de ter ouvido o que a pequena figura me disse, acordei sobressaltada e, tal como me tinha dito, tudo não tinha sido mais do que um sonho, mera imaginação do meu subconsciente que, ao acordar, se apercebeu que a casa do meu tio já estava enfeitada.


Agradecimento especial à ex-aluna que nos disponibilizou o seu texto como forma de inspiração para outros alunos concorrerem neste mesmo concurso!

 

Fontes (Imagens):

Pixabay