A entrevista com a Presidente da Associação de Estudantes 2021/2022 da Escola Secundária António Nobre.

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Entrevista guiada por: Leonardo Mendo

Revisão: Catarina Ribeiro

Data: 06/05/2022


A atual Presidente da Associação de Estudantes da Escola Secundária António Nobre é uma recém-chegada aluna que está a cumprir o seu 10.° ano em Desporto. O facto de ser nova na escola não a impediu de concorrer, pela Lista M e vencer as eleições para este tão importante cargo. Foi aluna do Agrupamento de Escolas Carolina Michaëlis, mais precisamente, da escola sede. Mesmo com a mudança de escola, mantém a ligação ao agrupamento através do desporto escolar, uma vez que pratica basquetebol na nossa equipa de juvenis. Hoje, entrevistamos Sara Mota.
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No seguimento desta curta introdução, peço-te que nos contes o teu percurso académico, antes e depois de frequentares o nosso agrupamento de escolas, o porquê de teres deixado de estudar na ESCM e o que perspetivas para o teu futuro.

«Com certeza. Frequentei a escola primária Carlos Alberto durante todo o meu 1.° ciclo. Posteriormente, vim para a ES Carolina Michaëlis, devido à boa reputação da escola - que acabei por confirmar quando cá cheguei - e porque vinha com amigos da minha escola anterior. Permaneci do 5.º ao 9.º ano.
Não quis mudar de escola no secundário, em grande parte, pela turma fantástica que me acolheu a partir do 6.º ano. No entanto, tive de o fazer, uma vez que não seria possível seguir o curso profissional que desejava, Desporto. Ainda falei com alguns professores que julguei que me pudessem ajudar nesse meu objetivo, mas sem sucesso.
Hoje estou no 10.° ano, no curso que, desde cedo, despertou o meu interesse, na ES António Nobre. A escolha desta escola deveu-se ao seu ótimo histórico desportivo, à proximidade de minha casa e às suas boas instalações.
Futuramente, ambiciono estudar na FADEUP (Faculdade de Desporto da Universidade do Porto) e, apesar de não ser um plano definitivo, gostaria de trabalhar nesta área do desporto, seja como treinadora, PT (Personal Trainer), ou professora de Educação Física»

 

Por curiosidade, guardas alguma recordação especial do período de tempo em que estudaste na ESCM que gostarias de partilhar connosco?

«A minha maravilhosa turma! Mas não posso deixar de lado os igualmente fantásticos professores que conheci e que me ajudaram em diversos momentos, até fora da escola. Senti que todos foram muito preocupados e atenciosos comigo!»

 

Muito bem. Passando para o cargo que atualmente desempenhas, questiono: como foi a sensação de ser candidata a presidir à A.E. da escola que apenas este ano começaste a aprender a conhecer?

«Não há palavras para descrever. Nunca pensei vir a ser Presidente de uma Associação de Estudantes, sentia que não era capaz - mas o interesse pelos estudantes e pela comunidade falou mais alto e acabei por criar uma lista, também por saber que poderia não haver outra»

 

Concorreste pela Lista M. Há algum significado por detrás da escolha da letra? Algum slogan?

«Mais por Nós: Mais por nós alunos, mais por nós comunidade escolar. Através dos membros envolvidos mais diretamente - nomeadamente os alunos e os professores - gostaríamos de envolver também os Encarregados de Educação»

 

Quais são as principais bandeiras da Lista, isto é, as causas que defendem mais convictamente?

«Queremos fazer com que os alunos e até os professores participem em mais atividades! Mas queremos, sobretudo, incitar à união ente os estudantes, porque consideramos o associativismo jovem muito importante»

 

É curioso que é necessário recuar sete a oito anos para encontrar a última A.E. da tua escola - talvez se deva a esse histórico a existência de uma lista única nas eleições mais recentes. Como já referiste, isto incentivou-te a ser candidata, mas de que forma?

«Incentivou, sem dúvida. Considero que todas as escolas deviam ter uma Associação de Estudantes que represente a comunidade escolar dignamente. Além disso, deve ser um órgão que tem em vista proporcionar atividades lúdicas e divertidas para a comunidade escolar, assim como fazer por melhorar a escola, por exemplo, a nível material e de infraestrutura. Estas são tarefas fundamentais nas quais a ação da Associação de Estudantes deve incidir e que a tornam, por isso, imprescindível»

 

Acreditas que esta ausência prolongada de uma Associação de Estudantes poderá ter afetado a reputação do órgão perante a comunidade educativa (alunos, docentes, não docentes, ...)?

«Acho que é um órgão subvalorizado, muito pelo motivo que elencaste. Mas a mensagem que se pretende passar é: estamos aqui para ajudar toda a comunidade educativa, aconteça o que acontecer»

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Ao nível da participação eleitoral, sentes que a ausência de uma A.E. se refletiu na abstenção?

«Talvez não tanto na abstenção, uma vez que, seguramente, pelo menos 60% dos alunos exerceram o direito de voto. Sinto que se refletiu essencialmente nos votos nulos, muitos dos quais continham brincadeiras de mau gosto, que revelaram pouca seriedade e consideração pela lista a concorrer»

 

No fundo, diria que se perdeu a noção de o que é uma A.E. Para ti, o que é a A.E? Qual é o papel que esta figura representativa tem numa escola e num agrupamento?

«A A.E. representa a escola como um todo e tem de contribuir para tornar o ambiente escolar agradável. Um papel indispensável é o de cativar, motivar e ouvir os alunos»

 

Passemos agora para uma parte mais prática: enquanto Presidente da A.E. da tua escola, o que já fizeste, o que estás a fazer e o que planeias fazer no futuro?

«A nossa ação começou em janeiro. Desde então, já elaborámos uma entrega anónima de cartas de amor, no dia de S. Valentim e fizemos uma pequena celebração do Carnaval, onde organizámos desfiles para docentes e não docentes. Para celebrar o Dia Internacional da Matemática, fez-se um "Pi humano". A atividade foi organizada por professores de matemática da nossa escola, mas prontamente nos disponibilizámos para ajudar e apoiar a iniciativa.

Também o Dia Internacional do Desporto mereceu a nossa comemoração: um torneio de remates de futebol à baliza, de lances livres de basquetebol e um concurso "bola à lata". No mesmo mês, dinamizámos uma caça aos ovos da Páscoa, que se revelou um sucesso! Inesperadamente, tivemos uma turma inteira a vencê-la. Regressados às aulas, celebrámos o Dia da Liberdade, colocando uma faixa na porta da escola com as palavras "25 de abril sempre. Fascismo nunca mais!".

Por agora, continuamos com várias ideias e tenho todo o gosto em anunciar algumas delas - em primeira mão - nesta conversa: estamos a planear uma palestra/conversa de sensibilização contra a guerra, pela paz; queremos convidar a Polícia Segura a vir à nossa escola abordar o tema dos cuidados a ter no mundo digital, festejando o Dia Mundial da Internet; por fim, temos a intenção de organizar uma "festa néon" para celebrar o Dia da Criança. Por agora, é tudo o que posso adiantar. Há que manter alguma surpresa!»

 

Que desafios encontraste na tua escola e o que gostarias de mudar ou o que já mudaste?

«O grande desafio foi criar a lista, a ausência prolongada de listas gerou muito trabalho de bastidores, desde recolhas de assinaturas a convocatórias de RGA (Reuniões Gerais de Alunos). Só a realização de todo este trabalho burocrático nos permitiu avançar este ano.
No primeiro ano de ação, é difícil mudar tudo o que desejaríamos. Mas a ambição é grande: queremos apelar à limpeza do recreio, até pelo risco que representa para os alunos e para qualquer pessoa que frequente o espaço e queremos também fundar uma rádio escolar, apesar da limitação dos fundos disponibilizados, que nos castra bastante a esse respeito»

 

A propósito, em que atividades e/ou projetos estás envolvida no contexto extracurricular?

«Faço parte da equipa de juvenis de basquetebol da ESCM. Não deixo de parte a minha faceta interventiva, pois, sempre que posso, participo em manifestações e outras formas de ativismo»

 

Quase a terminar, pergunto: contaremos com uma recandidatura de Sara Mota à Presidência da A.E. da ESAN no próximo ano letivo?

«Por maiores que sejam as adversidades, para o ano contam comigo para uma nova candidatura, com toda a minha força, convicção e vontade! Não desisto da minha escola»

 

Com esta reflexão, que nota final deixarias à comunidade escolar do AECM em relação à importância da existência de uma Associação de Estudantes?

«É esta representação escolar indispensável, que fomos abordando ao longo da nossa conversa, que não pode ser menosprezada. Apesar de saber que o AECM tem uma história inesquecível e muito marcante - e sei que faz por manter essa reputação de longa data, vejo-o, aliás, nas qualidades dos professores e no espírito unido e amigável dos alunos - é sempre uma função importante da qual não podemos abdicar»

 

Agradecemos à Sara por gentilmente se ter disponibilizado para esta conversa. A temática "Associação de Estudantes" é vasta, mas a sua experiência própria alerta-nos para a importância da existência deste órgão, que começa e acaba nos alunos e na sua digna representação. Esta conversa/entrevista teve também uma particularidade: foram feitas quatorze perguntas em jeito de comemoração do aniversário da entrevistada, no dia 14 do mês passado. Não só, mas também, por isso, muitos parabéns, Sara!


Fontes (Imagens):

Página de Instagram da Lista M AEAN

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